First Things First

Escrito em 1963 e publicado em 1964, o First Things First é um manifesto que trata como solução, concentrar os esforços de projeto em tarefas de educação e de serviço público que promoveriam a melhoria da sociedade.
Em 1999, o designer e crítico social Tibor Kalman fez uma releitura do manifesto que foi publicada em 2001 pela Adbusters no volume Design Anarchy. O texto a seguir é uma tradução livre feita por Walfrido Neto.
Vamos ao que interessa!
Nós, abaixo-assinados, somos designers gráficos, diretores de arte e comunicadores visuais que foram criados em um mundo no qual as técnicas e aparatos da propaganda nos foram persistentemente apresentados como os mais lucrativos, efetivos e desejáveis usos de nossos talentos. Muitos professores e mentores de design promovem essa crença; o mercado recompensa; uma enchente de livros e publicações a reenforçam. Encorajados nessa direção, designers aplicam suas habilidades e sua imaginação para vender biscoitos caninos, refrigerantes, diamantes, detergentes, gel para cabelo, cigarros, cartões de crédito, tênis, tonificadores de bundas, cerveja light e gigantescos carros esportivos. 
O trabalho comercial sempre pagou as contas, mas muitos designers gráficos o deixaram se tornar, no geral, a única forma de design; sendo assim, portanto, como o mundo o enxerga. O tempo e a energia da profissão são usados para criar demanda por coisas que, na melhor das hipóteses, não são essenciais. Muitos de nós tem se tornado cada vez mais desconfortáveis com essa imagem do design. Profissionais que dedicam seus esforços essencialmente à propaganda, marketing e desenvolvimento de marca estão apoiando, e implicitamente fomentando, um meio-ambiente mental tão saturado de mensagens comerciais que estão mudando o próprio modo como os cidadãos-consumidores falam, pensam, sentem, respondem e interagem. 
Na prática estamos todos ajudando a esboçar um discurso público redutivo e altamente danoso. Existem objetivos mais merecedores de nossas habilidades de resolver problemas. Crises ambientais, sociais e culturais sem precedentes exigem nossa atenção. Muitas intervenções culturais, campanhas de marketing social, livros, revistas, exibições, ferramentas educacionais, programas de TV, filmes, causas de caridade e outros projetos de informação precisam urgentemente de nossa experiência e ajuda. Nós propomos uma inversão de prioridades em favor de formas de comunicação mais úteis, duráveis e democráticas – que requerem uma mudança de mentalidade do marketing de produtos em direção à exploração e produção de um novo tipo de significado. O espaço para debate está encolhendo e ele deve ser ampliado. O consumismo está dominando sem contestação; ele deve ser desafiado por outras perspectivas expressas, em parte, através das linguagens visuais e recursos do design. 
Em 1964, 22 artistas gráficos assinaram o chamado para que nossas habilidades fossem aplicadas para fins merecedores. Com o crescimento explosivo da cultura global comercial essa mensagem se tornou ainda mais urgente. Hoje, renovamos seu manifesto com a esperança que não se passem outras décadas antes que ele chegue aos corações.

Confira aqui o texto original de 1964

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