O Sistema Educacional está obsoleto

"Desde a pré-escola até o pós-doutorado, o que fazemos é estimular o estudante a ser dependente do professor"- Ronaldo Mota

Conforme entrevista de Ronaldo Mota (Professor emérito da UFSM, especialista em ensino e inovação tecnológica), o atual sistema educacional é obsoleto e o novo modelo só se erguerá se docentes e instituições ouvirem as lições de um ator: o aluno.

Nas palavras de Mota:

"O modelo de escola que conhecemos hoje será completamente extinto. O papel do professor, também. Ele poderá até receber outra denominação, como "designer educacional", um profissional dedicado à organização de conteúdos. Mas ele não poderá fazer essa tarefa sozinho: o processo de ensino e aprendizado será cada vez mais coletivo. O designer educacional de física que se propuser a colocar o conteúdo de aula em uma plataforma on-line contará com ajuda de gente que saiba usar a plataforma, alguém que entenda de design, usabilidade e ferramentas no ambiente virtual. Não será uma pessoa só, vai ser um time. No começo do processo de mudança, provavelmente ainda contaremos com um professor clássico, que domina o conteúdo de uma disciplina. Mas ao lado dele, veremos um menino de 14 anos, responsável por fazer a interface gráfica da plataforma. É um fenômeno que já está acontecendo: as grandes funcionalidades dos portais educacionais são desenvolvidas hoje por jovens que dominam os sistemas digitais graças à afinidade que possuem com o universo dos games. Se resolver ficar sozinho, o professor perderá essa corrida

Precisamos usar metodologias que valorizem a aprendizagem independente. Em caminho contrário, o Brasil deve ser o campeão mundial da aprendizagem dependente. Desde a pré-escola até o pós-doutorado, o que fazemos é estimular o estudante a ser dependente do professor. Por que o professor que termina o pós-doutorado na universidade tem medo de sair do laboratório? Porque ele é dependente. Nos países mais desenvolvidos, o estudante é estimulado a encontrar seus próprios caminhos. Aqui,  criamos uma estrutura de dependência tão grande que as pessoas são estimuladas a não abdicar da zona de conforto. O que mais precisamos é do oposto disso. Quando isso ocorre, temos a rebelião à que estamos assistindo, sem interferência do Estado, dos pais e muito menos da escola: essa rebelião é movida pela juventude à procura de mecanismos alternativos. Isso explica o sucesso de serviços de aprendizagem on-line como o Veduca, que já tem 3,5 milhões de inscritos".



Trechos da entrevista feita por Bianca Bibiano para a Veja

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